segunda-feira, 14 de outubro de 2013

ATAQUE QUÍMICO - PERMISSÃO DA SÍRIA À ONU SOB SUSPEITA

ATAQUE QUÍMICO - PERMISSÃO DA SÍRIA À ONU SOB SUSPEITA

AUTORIZAÇÃO SOB SUSPEITA
O Globo - 26/08/2013
 
Para EUA e Reino Unido, Damasco pode ter destruído provas do uso de armas químicas Forças Armadas. Soldados do Exército sírio patrulha bairro em Damasco: governo de Bashar a-Assad culpa os rebeldes pelo uso de armas químicas, na quarta-feira Alquimia. Ativistas fabricam máscaras químicas num subúrbio de Zamalka, em Damasco Washington e Moscou A oferta da Síria de permitir que especialistas da ONU vistoriassem bairros onde supostos ataques com armas químicas ocorreram na quarta-feira foi recebida com desconfiança pelos Estados Unidos e pelo Reino Unido, que já discutem abertamente uma intervenção militar. Horas após o sinal verde de Damasco, os dois países afirmaram que o governo de Bashar al-Assad pode ter apagado evidências. "Tarde demais para ter credibilidade", afirmou o governo americano, fazendo crescer os temores de uma intervenção militar na Síria sem a autorização das Nações Unidas. Para Washington "há pouca dúvida" de que Assad usou armas químicas contra rebeldes. A oposição do país afirma que o governo vem bombardeando os locais onde, de acordo com eles, o regime usou armas químicas num massacre de até 1.300 pessoas. - O fato é que muita evidência foi destruída por bombardeios de artilharia - disse o chanceler britânico William Hague. O ministro da Informação da Síria, Omran al-Zoubi, rebateu afirmando que o país tem "provas incontroversas de que os terroristas usaram armas químicas", referindo-se aos rebeldes. Ele disse ainda que uma intervenção americana causaria um "turbilhão de fogo" e garantiu aos americanos que a ação militar não seria um "piquenique". Nos últimos dias, os planos de intervenção começaram a ser oficialmente discutidos. Obama analisou opções com seus assessores, conversou com o primeiro-ministro britânico, David Cameron, e, ontem, ligou para o presidente francês, François Hollande. A França, na semana passada, também já tinha defendido o uso da força na Síria. Uma ligação de Obama para a chanceler alemã, Angela Merkel, foi agendada. A Alemanha também afirma que há poucas dúvidas de que o governo matou civis com armas químicas. Hoje, generais do Reino Unido, França, Qatar, EUA e outros países favoráveis a troca de regime na Síria se reúnem para discutir o tema. Também começam os trabalhos da equipe da ONU para avaliar se houve uso de armas químicas. Especialistas nesse tipo de armamento afirmam que é possível detectar contaminação em pessoas anos após um ataque. A ONU afirmou que Assad concordou com um cessar-fogo enquanto durar a inspeção liderada pela alemã Angela Kane, a alta representante de temas de desarmamento das Nações Unidas. Em Damasco, no sábado, três hospitais registraram 355 mortes com sintomas neurotóxicos. A Rússia disse que qualquer ação unilateral na Síria seria um erro de "consequências catastróficas" para a região e solicitou respeito à investigação da ONU. O país pediu que Washington não cometa os "erros do passado", mencionando que a invasão ao Iraque foi justificada pela presença de armas químicas nunca encontradas. - Todos os patrocinadores da oposição, que têm influência sobre ela, devem buscar um acordo o mais rápido possível para que os opositores de Bashar al-Assad iniciem as conversas - disse Alexander Lukashevich, o porta-voz do Ministério das Relações Exteriores, em referência a uma possível reunião de paz em outubro, sob liderança de Rússia e EUA. AMERICANOS SÃO CONTRA INTERVENÇÃO Moscou argumentou, ainda, que Assad não tem interesse em usar armas químicas, justamente por temer uma intervenção que favorecesse aos rebeldes, a quem é superior militarmente. O Irã, que, como a Rússia, reconhece o uso armas químicas e suspeita que os rebeldes as utilizaram, disse que Washington não deveria cruzar a "linha vermelha" e atacar a Síria. - Cruzar a linha vermelha da Síria terá consequências severas para a Casa Branca - disse Massoud Jazayeri, vice-chefe de Estado Maior do Irã. O senador democrata Jack Reed pediu cautela e disse que os EUA não deveriam intervir unilateralmente. Bob Corker, um republicano da comissão de relações exteriores do Senado, afirmou que discutiu a intervenção com o governo na semana passada. Ele acredita que Obama pedirá autorização ao Congresso, em recesso até o dia 9 de setembro, para agir na Síria. - Espero que, assim que voltarmos para Washington, o presidente peça autorização ao Congresso para fazer algo bem cirúrgico e de forma proporcional. Um ataque, porém, pode prejudicar a imagem interna de Obama, já que 60% dos americanos são contra uma intervenção na Síria, de acordo com uma pesquisa Reuters/Ipsos. Benjamin Netanyahu, o primeiro-ministro de Israel, advertiu que qualquer ataque sírio contra o país seria revidado. O presidente Shimon Perez defendeu que as armas químicas sejam "tiradas" da Síria. No ano passado, Rússia e China vetaram três tentativas de Londres e Washington de aprovar punições a Assad no Conselho de Segurança da ONU, como sanções econômicas e intervenção militar. Após a terceira derrota, em junho, o presidente americano, Barack Obama, definiu, dois meses depois, que o uso de armas químicas por Assad representava uma "linha vermelha" que, se ultrapassada, teria resposta americana.

Nenhum comentário:

Postar um comentário