quinta-feira, 17 de maio de 2012

Colisão inédita no Metrô fere 49

Colisão inédita no Metrô fere 49

Falha mecânica faz metrô de SP ter 1º choque de trens em 38 anos: 49 feridos
Autor(es): ADRIANA FERRAZ, ARTUR RODRIGUES, BRUNO RIBEIRO e WILLIAM CARDOSO
O Estado de S. Paulo - 17/05/2012
 

Batida entre dois trens na zona leste provoca pânico entre passageiros; maquinista aponta falha mecânica

Pela primeira vez em 38 anos de operação, dois trens da Linha 3-Vermelha do Metrô de São Paulo bateram, deixando ao menos 49 feridos, na manhã de ontem. Houve pânico entre os passageiros. “O pessoal começou a quebrar a janela e se desesperar, faltava ar lá dentro”, relatou Cristiane Campos, de 45 anos. O maquinista cuja composição bateu na outra apontou falha mecânica. Segundo a polícia, ele evitou uma tragédia ao interferir no sistema, que é automático, para acionar o freio. O governo disse que o acidente está sendo investigado. Problemas na rede metroviária e ferroviária têm sido constantes nos últimos tempos e devem se tornar tema eleitoral.

Vítimas ainda estavam em pânico,3h após acidente na Estação Carrão, que prejudicou a Linha 3 por 4h; governo admite rever sistemas
Pela primeira vez em 38 anos de operação, dois trens da Linha 3-Vermelha do Metrô de São Paulo bateram durante o horário comercial. Ao todo, 106 passageiros foram atendidos em sete hospitais públicos - e pelo menos 49 deles tiveram ferimentos, na maioria escoriações, segundo o Samu e os bombeiros.

O acidente aconteceu a 600 metros da Estação Carrão, na zona leste da capital paulista, pouco depois do horário de pico, às 9h50. Parte da linha, que é a mais importante da cidade e chega a transportar 1,1 milhão de pessoas por dia, ficou fechada até as 14h20. Os reflexos se espalharam pelo restante da rede.

Três horas após a batida entre os trens, nos hospitais da zona leste, as vítimas ainda estavam em pânico. Os passageiros foram arremessados ao chão e uns contra os outros. Depois, tiveram dificuldades para sair das composições, alegando que algumas das portas não se abriram. A saída foi arrebentar os vidros das composições. "O pessoal começou a quebrar a janela e se desesperar, faltava ar lá dentro", disse a dona de casa Cristiane Campos, de 45 anos.

Ambos os trens seguiam no sentido Palmeiras-Barra Funda. O trem da frente, um modelo da empresa espanhola CAF adquirido na última gestão, estava parado quando foi atingido pela outra composição, que estava cheia. Segundo o governo do Estado, o trem estava entre 9 km/h e 12 km/h.

Os bombeiros tiveram de usar escadas para vencer os muros que separam a linha férrea da Radial Leste e prestar socorro. De imediato, 33 pessoas foram socorridas. Parte dos feridos procurou os hospitais por conta própria. Ambulâncias formaram uma fila na Radial e a ciclovia foi usada como centro de triagem de feridos - apenas dois foram classificados como "graves".

Quem escapou ileso caminhou sobre os trilhos e pela Radial até a Estação Carrão. E quem depende de transporte público sofreu na manhã de ontem. O esquema de emergência com uso de ônibus quase não deu conta da demanda.

Causas. O governo deu poucas explicações para a pane. O secretário dos Transportes Metropolitanos, Jurandir Fernandes, afirmou que uma comissão vai apurar as causas da batida, que seria decorrente de uma falha mecânica do sistema de controle dos trens. Ao SPTV, da Rede Globo, disse que o Metrô iria avaliar se a falha foi em algum dispositivo ou se foi no circuito que secciona as linhas. "Detectando essa falha, vamos fazer a correção, se necessário for, em todas as placas do Metrô de São Paulo."

O sindicato que representa os metroviários - que faria, ainda na noite de ontem, uma assembleia para definir paralisação - apresentou uma série de detalhes extras confirmados pela companhia. O presidente, Altino Bezerra dos Prazeres, afirmou que a linha já havia apresentado uma falha pela manhã, antes da batida, e o trem só parou porque o operador acionou os freios de emergência. O trem que estava parado seria pertencente à Linha 1-Azul, e estava voltando de um serviço de manutenção. "Acho irresponsabilidade colocar veredictos do que aconteceu", rebateu o secretário Fernandes.

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